13 agosto, 2007

RAY

O velho Ray seguia em paz, na verdade não era velho pela idade;perto dos quarenta achava que já tinha visto e vivido de tudo um pouco. Enganar-se e surpreender-se eram os seus passa-tempos favoritos.
Na esquiva das armadilhas da vida e vigilante nos desvios das estradas, seguia com os pés fincados no chão. Em outros tempos já se machucara com aventuras e devaneios tolos,como se pudesse se enganar e enganar ao próprio tempo. Aprendeu a lição! Será?
Sem que se desse conta, criou um perfil ideal daquela que poderia fazê-lo tremer; daquela que com um só olhar perfuraria a sua armadura como uma espada de fogo a lhe rasgar o peito. O doce veneno daquela que fere era o que Ray mais queria...o poder lhe falar , tocar-lhe a pele e provar do seu perfume. O tempo o havia ensinado a falar, a não enterrar palavras nunca ditas e assim ele o fez.
Mais uma queda, mas desta vez diferente. Resignado como um monge, Ray alimenta-se de fé, como humano alimenta-se de esperança e, como homem, alimenta-se de paixão.

Um comentário:

Kath disse...

Olha, preciso te dizer que seu texto é flúido, tem pulso e a narrativa é boa. Coisas que considero vitais. Muito bom mesmo! Parabéns