13 agosto, 2007

ENTRE A CRUZ E A ESPADA - II

Vó Maria era a que mais sentia a partida do neto. Junto com seus filhos Antônio, pai de Pedro,e Firmino, há muito havia fugido do Sertão Pernambucano. Aqueles eram tempos cruéis, viu nascer o Cangaço e, pelas mãos do primeiro cangaceiro que se tem notícia, perdeu seu marido: Chico. Jesuíno Brilhante não perdoava, na faca ou na bala pegava soldado de tocaia. Chico era como o neto que nem imaginou conhecer, valente e sonhador; não pensou duas vezes ao ser voluntário para a Volante que partiria na captura de Jesuíno. O bandoleiro fugui ,mas levou consigo a alma do pobre Chico. Maria, viúva , com dois filhos para criar, debandou-se para os lados do Espírito Santo, pois via com bons olhos, e muita fé, aquela "terra com nome de santo", como dizia.

Contrariada viu o seu filho mais velho se alistar. Firmino , que havia ido tentar a vida na capital, no Rio de Janeiro, integrou o 34º Corpo de Voluntários da Pátria e foi para o sul...era a Guerra do Paraguai já no seu final! Aliviada com a notícia da volta do primogénito com vida, Maria empenhou-se em manter o caçula na lavoura e distante das armas. Antônio assim o fez, casou-se com Neuci e teve um filho, Pedro.

Enquanto isso Firmino mantinha-se no Rio. Agora já enganjado ao Exército por conta de um ato de bravura que se deu quando rompeu, sozinho, as linhas inimigas como mensageiro, em Lomas Valentinas. Seu comandante era o Coronel Hermes Ernesto da Fonseca, e o seu destemor na missão que lhe foi confiada salvou a vida de centenas de brasileiros, rendendo-lhe, ainda, as divisas de Sargento . Até então , por obra do destino, Firmino era ordenança e 'homem de confiança" do Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro Presidente da recém-proclamada República e irmão mais novo do Coronel Hermes, aquele que comandara Firmino no Paraguai.

No Rio as coisas mudaram muito, Deodoro renunciou ante à Revolta da Armada e outro presidente assumira a sua cadeira como pacificador dos ânimos. Firmino perdeu o "padrinho", mas não o posto ou a função, continuaria na raia-miúda dos bastidores do poder. "Melhor ser o Rabo do Leão do que a Cabeça do Porco" , dizia o velho soldado. Agora, porém, Firmino tinha outra missão: sua mãe , Maria, o fizera jurar que iria velar a todo custo pela vida de Pedro. Ele acatou a matriarca.

Pedro era só sonhos e saudades, principalmente da Vó Maria e dos companheiros FERRADURA e ZAZÁ. A avó sempre insistiu para que seguisse a vida religiosa, dizia que era seu destino e que não havia como fugir daquilo; ela via no rapaz um coração puro e caridoso. Padre Paulo até chegou a indicá-lo para um mosteiro ; Pedro se animou, muito até, mas aquela visita do tio Firmino foi decisiva!

Por conta de guerras e revoltas, a carreira militar já não atraía tanto os jovens de classe alta. As glórias cobravam seu preço em sangue e a moda era mandar os filhos para a Europa; estudar medicina ou engenharia na França tornou-se o sonho dos mais abastados. O caminho estava livre para Pedro.

3 comentários:

Unknown disse...

Vc vai publicar a parte três amanhã? rsrsrsrs Estou muito curiosa pra ver o final...a propósito, a inversão do final ficou ótima! Bjs...

Anônimo disse...

Fiquei um pouco confusa com tantos nomes...rsrs
O texto eh algo q me deixa curiosíssima, estou com vontade de ver as coisas acontecerem...

Kath disse...

Quero crer que esse silêncio é o artista trabalhando na parte três.