11 agosto, 2007

ENTRE A CRUZ E A ESPADA - I

Lá pelos lados de 1890, Pedro era um garoto comum, quase rapaz, e sua vontade de estudar e conhercer das coisas não combinavam muito com o interior do Espírito Santo. Os pais , sempre na labuta da lavoura, não queriam que o único filho ali também encerrasse seus dias. O que lhe cabia nas tarefas , além de um pouco de leitura (trocada pelo pai ao preço de quatro galinhas com um mascate), era a lida com os animais. Destes , o pequeno burrico ZAZÁ e o pangaré FERRADURA eram os que mais agradavam ao garoto. Claro, serviam-lhe de montaria nas batalhas imaginárias iguais àquelas que estavam em um dos livros. FERRADURA tornava-se um fervoroso tordilho Andaluz, enquanto ZAZÁ continuava um burrico, mas em seu lombo estava Sancho Pança a escudar o grande Pedro De La Mancha!

É bem verdade que para ser alguém naquela época, para quem não dispunha de dinheiro ou boa orientação, os caminhos se resumiam ao sacerdócio ou às armas. A missa aos domingos e os ensinamento da Vó Maria eram como semente em boa terra, deram bons frutos de Fé Cristã no coração do rapaz, mas o tal Quixote não lhe saía da cabeça ,seu sangue fervia de emoção com os contos de cavalaria que Cervantes lhe apresentava naquelas já amareladas páginas.

Dois anos mais tarde seu tio Firmino, praça de longa data, e agora Sargento de Infantaria por conta de um ato de bravura, faz uma visita. Pronto! Sem que se desse conta a tal visita iria selar o destino de Pedro. O velho Firmino não tinha um só minuto de paz, era o tempo todo a contar histórias e estórias sobre tudo de diferente e emocionante que a vida na caserna lhe mostrara nos últimos anos. O Rio, o Rio de Janeiro era o assunto preferido de Pedro; tudo grandioso, moderno, e o tio ainda falava das tropas montadas que sempre se via por lá. Havia ainda uma Escola Militar onde eram formados os comandantes daqueles cavaleiros- Os Oficiais de Cavalaria ,para filhos de boa família, explicou Firmino. Literalmente entre a cruz e a espada, Pedro estava decidido: Partimos em dois dias para o Rio! Lá vou estudar e aqui só retorno com o meu uniforme de botas reluzentes com esporas prateadas e galões dourados por sobre os ombros, pensou o Pedro!
Dois dias depois, com um punhado de roupas, seus livros e as últimas economias da família, partiram Firmino e Pedro...o primeiro cheio de esperanças; o outro, de sonhos.

4 comentários:

Unknown disse...

Cada dia vc consegue superar-se... bjs.

ALL STAR disse...

Ainda não cheguei...LÁ!
Um dia , talvez.

Kath disse...

E a parte dois vem quando?

Anônimo disse...

Isso tem cheiro de um conto de infância, ou quem sabe ateh um retrato...
Estou ansiosa para ler o próximo capitulo...