06 setembro, 2007

BOSTA DE ELITE, A VINGANÇA DO MEDO!


É , é verdade, não sou santo. Já vi filme pirata, emprestado; já joguei guimba no chão e olhei a mulher do vizinho, duas ou três vezes, mas olhei. Perfeito também não sou e nem pretendo ser; na verdade penso que nada e nem ninguém pode ser considerado perfeito. Considero a eterna busca (principalmente pela felicidade) algo importante, algo que nos mantém vivos e, ao contrário, as mágoas como coisas que nos mantém presos a um passado mal-resolvido.
Esse imbróglio inicial tem uma razão de ser, é claro. O principal roteirista do Filme que me inspira, o sujeito que alimentou de dados e fatos o ÓSCAR BRASILEIRO , como exagerou José Wilker ,é um velho conhecido meu. Há dezoito anos adentramos pelos mesmos portões encimados pelos dizeres: IDEALISMO E DESTEMOR. Ao fundo, lia-se: OS PROFISSIONAIS NÃO SE IMPROVISAM E MANDO DEVE CABER AO MAIS DÍGNO E COMPETENTE. Lemas à parte, convivemos em regime de internato por três anos, tivemos as mesmas aulas e instruções, sofremos , rimos , choramos e sonhamos juntos . Vivemos na mesma ilha da fantasia. Por certo o idealismo era o principal combustível da maioria de nós, aquilo que nos manteria firmes nos trinta anos que estavam por vir. Melhor mesmo era poupar-nos das realidades futuras e forjar aqueles jovens com a melhor das têmperas.
Rompidos os laços acadêmicos, cada qual se viu em uma realidade, cada indivíduo elegeu seus ídolos, suas referências positivas ou negativas em um ofício anônimo e, muitas vezes, frustrante. A regra do jogo diz que devemos prevenir. Nosso produto final não pode ser medido, é abstrato, ele é aquilo que não aconteceu. Os nossos erros não podem ser reparados com notinhas no dia seguinte, ou com um desculpem a nossa falha. Não há roteiros, ensaios, cortes, edições, ou gravações! Há que se decidir rapidamente ante ao imprevisível e, por aqui, os erros são pagos com a vida ou com a liberdade. Somos produto e espelho da sociedade onde nascemos, crescemos e vivemos como qualquer um.
Cada um que viveu algumas madrugadas infinitas; que jogou fora a juventude por um ideal (ou por necessidade); que viu o pavor da morte transformá-la em companheira; que enterrou seus pares às dúzias, mês a mês; cada um que puniu ou repreendeu um companheiro que estava em erro; cada um que procurou uma mãe ou uma esposa com filhos para para levar-lhes notícias de morte; cada um que não se omitiu, que não se vendeu; cada um que corre sozinho para o fogo como se fosse de aço o peito de um homem; cada um que não abandonou o velho idealismo, enfim, cada um de nós está com vergonha. Não com vergonha das verdades tortas ou das mentiras mostradas, é vergonha de saber que um covarde da pior espécie, um dia, fez o mesmo juramento que nós. Logo ele que, chorando histericamente, abandonou seus comandados sob fogo; logo ele que por tantas vezes esquivou-se do seu ministerium. É lamentável ser medido e pesado por alguém desse nível.
Nenhum pacto macabro de silêncio foi quebrado, não é isso. Guardadas as proporções, é como se um aprendiz frustrado e incompetente escrevesse uma biografia de Da Vinci, atento-se , tão somente , às suas supostas preferências sexuais, sem citar uma obra sequer daquele gênio da humanidade.
Nunca mais vejo filme pirata!

4 comentários:

Kath disse...

Olha a boca!!!
Fico reparando e vejo que a sua escrita só se afina!
Queria ter algo mais elaborado pra falar sobre o post, mas não sei se é porque aidna não vi o filme ou se porque você disse tudo.
Bom tê-lo de volta.

Unknown disse...

Impressionante, eu um dia também fui muito idealista, e sonhadora. Ninguém conseguia entender porque eu arriscaria minha vida, por uma profissão tão desvalorizada e apedrejada. Eu só segui o meu coração... aos poucos agente se descepciona com algumas coisas, e vê que a realidade é cruel. Mas depois de ler o seu texto, eu lembrei do que eu sentia a cada dia de trabalho bem sucedido, com a satisfação do dever cumprido, sempre com a cabeça erguida, e com orgulho da minha escolha... obrigado por isso!!!

Zumbi disse...

É verdade...

Como pode alguém passar por tudo que passamos(eu ainda, nem tanto)e falar o q falou de todos nós!

Esse alguém existe!

E será que sabe o mal que esta causando a sociedade por alguns trocados que recebeu por aquele livro e por este filme?

Mas dele a sociedade gosta!

Kath disse...

Planetas capturados, eis ainda uma visão mais bonita.
Esse seu post já era tão bom, e ainda conseguiu ter novas dimensões somadas com esses comentários tão ricos (o meu não se inclui aí).
E falei "olha a boca!" mas não se acanhe, era só de brincadeira mesmo.
Lendo meu blog deve notar que sou uma defensora dos palavrões. Certas coisas devem ser chamadas pelo nome.
Some mais não...